Feeds:
Posts
Comentários

Talento

2011 começou com essa palavra assombrando a minha cabeça, uma resolução de ano novo automática, sem planejamento. E passei a me perguntar que talento tenho. O que sei fazer de excepcional. Onde e como me destaco. O que flui naturalmente dos meus poros, e brilha por si só. Não achei nada. Ainda.

Digo ainda porque acredito que toda pessoa possui um talento. Então também tenho um. E se tenho um, ele esta’ em algum lugar, esperando para sair e respirar.

Se alguém por aí vir o meu talento, levanta a mão, por favor!

Desvios

O Iacobus nasceu da necessidade de celebrar a busca daquilo que é essencial. E celebrar, acima de tudo, o caminho. É na caminhada que agregamos o que de mais valor temos na vida, e chegar “lá” acaba sendo secundário quando nos damos conta disso.

É engraçado quando leio algo que escrevi há 3 anos. É como se estivesse lendo algo que outra pessoa escreveu. E na verdade é isso mesmo. Como eu mudei! Eu não tinha noção da velocidade em que me tornei uma pessoa diferente. Só mesmo mantendo um blog, diário ou qualquer outro registro de idéias para ter a real noção. Ao mesmo tempo que isso é estimulante, é também assustador. Há quase quatro anos fora do Brasil, fico imaginando se, quando voltar, as pessoas do meu convívio irão me reconhecer. Tanta coisa na minha cabeça mudou! São muitas as cicatrizes de uma experiência que só entende quem já passou por ela. Fico curiosa para saber como será…

Mas estou fugindo do propósito deste post. O fato é que os caminhos que trilhamos nem sempre nos mantém em linha reta. Nos esgueiramos por trilhas diferentes, fazemos paradas para apreciar uma vista, e até voltamos pelo caminho para buscar outras alternativas. Temos todo tempo do mundo, como já dizia Renato Russo.

É exatamente neste momento em que eu me encontro. No último ano me esgueirei por outras trilhas e deixei o caminho do Iacobus para trás. Por enquanto não tenho vontade de voltar para ele. Não vou abandoná-lo, e vez ou outra passo para tirar umas folhas do caminho. Mas tem algo que me chama para outras paragens, e é para lá que eu vou.

Mas eu volto.

Prêmio Dardo

No meio do turbilhão que estava vivendo logo depois da chegada da Beatriz, recebi a indicação da Simone do Made in China, e da Bianca do Buraco da Fechadura para o Prêmio Dardo, que “reconhece os valores que cada blogueiro mostra a cada dia, seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, suas palavras”:

 

selo-blog

 

E as regras do prêmio são as seguintes:

1) exibir a imagem do selo no blog (tá exibido!)

2) linkar o blog  pelo qual você recebeu a indicação (tá linkado!)

3) escolher outros 5 blogs para entregar o prêmio (tá embaixo!)

4) avisar os escolhidos (já tô avisando!)

 

Eis os meus escolhidos para receber o prêmio

1) Idéias e Letras, blog da Carina

2) Receita de Aconchego, blog da Aninha

3) Breakfast at Tiffany’s, blog da Karen

4) Causos da Indústria Automobilística, blog do Jenf

5) Diário de Uma Jovem de 50 Anos, blog da Picida

 

Simone e Bianca, muito obrigada pela indicação!

Carina, Aninha, Karen, Jenf e Picida, parabéns! Vocês merecem!

Uma baita oportunidade para quem se enquadrar nos requisitos. Eu recomendo!!!

 

Inscrições abertas para o programa de intercâmbio cultural na República da Coréia – 2009

A Embaixada da República da Coréia em Brasília torna pública e gentilmente solicita a divulgação do Intercâmbio Cultural na Coréia do Sul 2009. O programa consiste em enviar 2 (dois) estudantes universitários brasileiros para visitarem a Coréia do Sul pelo período de 10 dias. Durante esta viagem, os alunos terão a chance de conhecer outros alunos de diversos lugares do mundo que também farão parte desta experiência. É importante frisar que todas as despesas relativas às passagens aéreas, acomodação, refeições e locomoção dentro do país serão custeadas pelo governo sul-coreano.

Para se candidatar, o aluno deverá ser estudante de qualquer curso de graduação de IES reconhecida pelo MEC, cursando pelo menos o 4º semestre, ter bom rendimento acadêmico, bom domínio da língua inglesa e disponibilidade para viajar entre os dias 15 e 25 de junho de 2009. 

O candidato deverá apresentar os seguintes documentos:

1- Histórico escolar;

2-Texto em inglês falando um pouco de si e explicando porque tem interesse em visitar a Coréia;

3-Teste de inglês (TOEFL, IELTS, diploma de conclusão de curso) comprovando fluência (se houver, não sendo obrigatório).

Os documentos deverão ser entregues (em mãos ou por correio) no endereço abaixo até o dia 30 de abril de 2009. Documentos que chegarem à Embaixada após esta data serão automaticamente desclassificados.

A/C Sra. Marcela Formiga

Assessora de Imprensa, Cultura e Relações Públicas

Embaixada da República da Coréia

SEN Av. das Nações, Lote 14 – Asa Norte

Brasília-DF, 70436-900

Em caso de dúvidas, ou para maiores esclarecimentos, favor entrar em contato pelo email embbr1@linkexpress.com.br

Iacobus ainda parado

O Iacobus ainda vai ficar parado por um tempo. Com a Beatriz sugando todo o meu leite, energia e neurônios, a única coisa que consigo pensar ou escrever é sobre esses meus primeiros dias de maternidade.

Então, como estou quase sem nada para fazer, um novo blog da família apareceu:

http://sentadanapia.wordpress.com

Com tanta coisa que acontece na selvageria da maternidade e paternidade, a gente não poderia deixar de registrar nossa experiência!

Afinal, canja de galinha e um pouco de terapia virtual em grupo não faz mal a ninguém!

E depois, dêem uma passadinha no Nós na Coreia. Toda semana tem post novo!

Em algum momento, entre mamadas, troca de fraldas, chorinhos e soninhos, eu volto a postar por aqui!

As últimas (e muitas) horas

Eis o relato do meu parto que publiquei no meu diário de gravidez. Foi uma aventura e tanto! E apesar de tudo o que aconteceu, eu não teria problema algum de passar por tudo aquilo de novo…

Mistérios da maternidade…

*****************************

Quando saímos de casa na manhã do dia 28 de janeiro, já sabíamos que não voltaríamos somente os dois. Teríamos nossa tão esperada filhinha conosco, revirando nossa casa e nossa vida de pernas para o ar – exatamente como queríamos. Sim, a dorzinha de barriga e o frio no estômago eram inevitáveis: quem não se abala diante do novo e do desconhecido?
Saindo de casa

Saindo de casa

Quem me conhece sabe que eu gosto de uma adrenalina no sangue…

Demos entrada no hospital às 8 e meia da manhã. Fomos direto para o Centro de Parto, onde me instalaram imediatamente no quarto que serviria como o quarto de trabalho de parto e do parto em si. É um quarto que se vê no programa da Discovery Health – História de Um Bebê – do tipo “Transformers”: quando a hora do parto chega, vem um exército e tira móvel do lugar, põe uns acessórios adicionais, instrumentos, etc. Me deram um camisolão BONITO prá vestir, e fui colocada no monitoramento fetal e das contrações. Tudo estava bem com a nenê, mas nada de contrações…

"Boniteza" de camisola...

"Boniteza" de camisola...

Monitoramento

Monitoramento

(Sim, minha barriga virava a esquina antes de mim. Quando vi essa foto, eu quase enfartei… Destaque para o papel de parede de flor de maracujá…)

E nesse meio tempo, a gente se instalava no “nosso” quartinho. Comidinhas no frigobar, roupas no armário, TV ligada procurando a programação preferida, o Rê alucinado com a máquina fotográfica registrando e filmando tudo o que podia e não podia. Qualquer semelhança com as últimas férias é mera coincidência!

Às 9 e meia da manhã chegou a médica da equipe do Dr. Lee para o primeiro exame de toque. Era a hora da verdade: a condição do meu cérvix iria determinar que tipo de indução eu receberia. Se o cérvix estivesse com um percentual “x” de afinamento, a indução seria via venal com ocitocina; se estivesse ainda grosso, a indução seria local, com um adesivo de prostaglandina diretamente no colo do útero. O diagnóstico veio rápido: nadica de nada de afinamento. Imediatamente ela colocou uma fita embebida em prostaglandinas no meu cérvix, e a partir daí era só esperar.

Confesso que fiquei até feliz com a fitinha, porque soro pendurado na mão me dá nos nervos. Mal sabia eu o preço de não ter um soro na mão.

Às 10 e meia as contrações começaram, e não passavam de uma dorzinha como uma cólica menstrual. Com o passar do tempo a dor ia aumentando, mas ainda assim como a de uma cólica menstrual. Como eu passei minha adolescência inteira padecendo de cólicas, aquilo não era nada. Até estava divertido, e eu estava bem felizinha durante o meu primeiro almoço no hospital.

Almoço feliz!

Almoço feliz!

Passei a tarde bem, com as contrações aumentando de intensidade e diminuindo o tempo entre elas, e sem problemas para administrar a dor. Às 4 da tarde, TÁ-DÁ! Finalmente a bolsa estoura! Agora sim, eu me sentia perto da nossa filhota chegar! Chamamos a médica para um outro exame de toque: afinal, eu já estava em trabalho de parto há quase 6 horas, e a bolsa estourada era um bom sinal! O exame disse outra coisa: o cérvix não tinha se alterado em nada, e em função disso nem valia a pena perguntar sobre dilatação. Mesmo assim eu perguntei, me fazendo de idiota, e a resposta veio: zero dilatação.

Começou a bater um desânimo. Eram quase 5 da tarde, 6 horas de trabalho de parto e nenhuma evolução. Já comecei a me preparar para uma noite naquele quarto, o que não estava nos meus planos iniciais. Enfim, foi assim.

A partir das 7 da noite a dor começou a aumentar progressivamente, e piorou muito quando o resto do líquido amniótico saiu – E O TAMPÃO TAMBÉM!, às 7 e meia da noite. Fui ao banheiro para trocar a fralda e a camisola que ficou emprestável, e a notícia desagradável veio: o líquido estava verde, sinal que a nenê já tinha feito o primeiro cocozinho lá dentro – o mecônio. A médica veio ao quarto, e explicou que é normal isso acontecer. E é  mesmo. Mas a partir daquele momento era necessário monitorar a nenê constantemente. A cada monitoramento, era um alívio saber que ela estava bem.

A partir daí, a sessão fotos e filminhos foi interrompida… As férias haviam acabado.

O que não estava bem eram as contrações. A impressão que me deu é que alguém tinha ligado um interruptor da dor, tamanha a intensidade dela. Era uma coisa indescritível, algo que depois me dei conta de que era a dor da transição, quando faltam dois centímetros para dilatar e começar a empurar o bebê. Bem, essa dor começou às 8 da noite, e se estendeu por toda a madrugada e início da manhã. Não preguei o olho a noite inteira, porque as contrações estavam de 7 em 7 minutos, às vezes de 3 em 3. Eu saía para andar nos corredores, parava na frente do balcão da enfermagem, as parteiras me olhavam como dizendo “sinto muito, é assim mesmo”, ia para o computador checar e-mails, mas a dor não me deixava enxergar nada. Até bloguei um post aqui, só prá dar o ar da graça e fazer uma graça, mas não foi nada engraçado. Em algum momento da noite pedi uma injeção para a dor, um tal de Demeral. Nem cócegas fez, porque se tivesse feito eu ainda teria o benefício das endorfinas da risada. Eu nem ia tentar pedir uma peridural no meio da madrugada: anestesista de plantão deve fazer parte da mitologia médica. Só me restava passar a noite urrando baixinho de 5 em 5 minutos. Ou 7. Ou 3.

Finalmente o sol nasceu, e pedi um exame de toque urgente. Com toda aquela dor na madrugada, eu deveria estar para parir a qualquer momento. O líquido continuava saindo verde, mas a nenê estava bem. Chegando a médica, a constatação era: 50% de afinamento do cérvix e UM DEDINHO de dilatação. Aí eu tive uma síncope. Passei a madrugada urrando, com dores da transição de parto, para ter UM DEDINHO DE DILATAÇÃO?

Meu mundo caiu…

Pedi mais um Demeral. Nada. Chegou o café da manhã. Ah, sei. Tô super-a-fim de comer. Mas comi, porque ia precisar de forças quando o momento chegasse. Às 8 da manhã, pedi uma peridural. A enfermeira deu aquela puxada de canto de boca comum dos coreanos quando estão em uma enrascada. Apesar de ela consentir e sair do quarto sem dizer nada, eu já sabia qual era o problema: o anestesista com certeza não estava no hospital ainda. No desespero, pedi prá tomar um banho. A água quente me ajudou bastante, e fiquei lá por um tempo que perdi a noção. Deve ter sido bastante, porque quando estava me enxugando a anestesista já estava me esperando no quarto. Olhei no relógio e era 10 e meia da manhã, cravadas 24 horas de trabalho de parto. Eu sempre ouvi estórias ruins a respeito da peridural e tinha bastante receio, mas não senti absolutamente nada, nada, nada. O meu único medo era ter uma contração no momento em que a agulha estava entrando a minha membrana, mas rezei tanto que por alguns minutos nenhuma contração veio. A anestesista colocou um cateter na peridural, e o deixou preso na altura do meu ombro. Aplicou uma injeção do descansa-leão, e em 10 minutos eu estava no céu! E no inferno também. Eu não sentia dor, mas também não tinha mais contrações. Esse era o perigo de aplicar analgésicos na peridural antes de 5 dedos de dilatação.

Meio dia e meia o efeito do analgésico passou, e só senti isso porque as contrações voltaram imediatamente após. Melhor assim. E o Rê saiu correndo prá pedir mais uma injeção do descansa-leão.

A maratona de passa-o-efeito-começa-a-urrar-corre-chamar-a-enfermeira acontecia de 2 em 2 horas.

Às 4 da tarde – 24 horas após o rompimento da bolsa – recebi a primeira injeção de antibióticos. A coisa estava ficando preocupante. Nesse momento o Wlamir chegou – nosso amigo aqui na Coreia – e disse que de lá não saía enquanto a nenê não nascesse. Ainda bem que ele me pegou em um momento de êxtase pós-peridural.

Daqui não saio!

Daqui não saio!

E as visitas não pararam de chegar, todos querendo saber o que estava acontecendo. Às quinze para seis da tarde pedi uma “licencinha prás visita”, porque o bicho estava pegando. Hora de gritar prá enfermeira mais uma dose. E hora prá gritar prá médica mais um exame de toque.

Ministrada a dose da alegria, chegou a médica. Ela fez o que tinha que fazer, e anunciou: 70% de afinamento do cérvix e 2 dedos de dilatação. Eu surtei. Ela disse que iria me dar uma injeção de pitocina, para acelerar o processo. Surtei de novo.

– Você não vai me dar injeção de pitocina coisa nenhuma.

– Mas vai te ajudar.

– EU… ESTOU… DIZENDO… QUE… NÃO… QUERO.

– Mas, mas…

– E eu quero falar com o Dr. Lee, JÁ!

Mal terminei a frase e senti uns 37 dedos cutucando o meu cérvix. Eu não tinha mais forças para dizer nada. Ela estava me ajudando de novo, tentando acelerar a dilatação. Sei. Ganhei meio dedinho de dilatação, e sabe-se o que mais lá dentro. Aí o Dr. Lee chegou às seis da tarde.

– Dr. Lee, eu não aguento mais.

– Ah, deixa eu ver…

– (de novo não…)

– Bom, você está evoluindo.

– Dr. Lee, estou há 32 HORAS de trabalho de parto. Recebendo analgésicos derruba-cavalo a cada duas horas.

– Mas você vai conseguir.

– E qual a sua previsão? Quando isso acaba?

– Eu estimo mais umas 7 ou 8 horas. Ou até mais.

– Dr. Lee, depois de uma noite inteira sem dormir, o sr. quer que – na melhor das hipóteses – eu empurre um bebê de 4.5kg às duas da manhã? EU NÃO VOU AGUENTAR!!!!

Então, resolvi encerrar a novela:

– Dr. Lee, eu quero uma cesariana. Não é de longe o que eu gostaria, mas o bom senso me diz que eu já fiz tudo o que poderia ter feito.

O Dr. Lee foi muito profissional. Ele ainda tentou me convencer do contrário, mas quando ele percebeu que nossa cabeça estava feita, e deu as ordens.

A partir daí, tudo aconteceu muito rápido. Ele saiu da sala, e logo chegou uma enfermeira para me preparar. Ela saiu, e chegou o cara do Raio X. Até tentei argumentar, mas não dava mais. Só pedi um avental de chumbo para a nenê. Depois veio alguém me dar uma injeção. E alguém colocou uma toquinha. E alguém fazia o Rê assinar um monte de papéis, autorizações, e sei lá mais o quê. Desta última, só me lembro que a menina disse que eu poderia tomar uma anestesia geral. Aí eu entrei em pânico. Onde já se viu! Todo esse trampo, e eu iria dormir durante o parto? Nem a pau, Juvenal!

Em 10 minutos eu já estava na maca correndo pelos corredores do hospital até o centro cirúrgico. Eu não via o Rê, e só sabia repetir: cadê meu marido, cadê meu marido. Chegando lá, foram precisos 6 COREANOS para me transferir para a mesa cirúrgica. E injeção de um lado, monitor em outro, um monte de gente me preparando, demarcando a região do corte, e eu discutindo com o anestesista.

– Olha, a peridural não é a mais indicada. Talvez seja preciso uma raquidiana.

– Nem pensar. Eu quero a peridural.

– Mas você vai sentir a cirurgia.

– Sentir dor?

– Não, só um incômodo.

– Moço, depois de 32 horas de parto, EU AGUENTO QUALQUER COISA.

E o Rê chegou. E a cirurgia começou. O Rê viu absolutamente tudo, e eu senti absolutamente tudo. Parecia que estava tomando uma surra. E estava mesmo, porque ela era muito grande.

Às 6:43, a Beatriz nascia. Ouvir o choro dela foi algo indescritível, e quando a colocaram perto de mim eu me pus a chorar. Óbvio! Bem, naquele momento vem uma enfermeira desesperada:

– NÃO CHORA, NÃO CHORA!

Minha pulsação subiu descontroladamente. E depois o Rê me disse que começou a jorrar muito sangue do corte, que ainda estava aberto. Opa… foi mal…

O Rê saiu com ela para o berçário, e eu fiquei lá tendo as coisas colocadas no lugar e costurada. A sensação era surreal. A partir daquele momento, nossas vidas estavam alteradas, para sempre.

A melhor mudança de todas, e a nova aventura só estava começando!!

Por causa da Beatriz!!!

Se ainda não sabe da novidade, clique AQUI ou AQUI!

E a Selma volta em breve com atualizações no Iacobus.

O post de hoje no Korea Beat fala de algo muito pulsante na Coréia do Sul: o preconceito racial.

O professor de Psicologia da Ewha’s Women’s University, Bang Huijeong, conduziu um estudo entrevistando estudantes universitários – 121  coreanos e 53 estrangeiros. O resultado trouxe algo já conhecido na sociedade coreana: o preconceito em relação a raças diferentes da coreana.

A raça branca (ou caucasiana, não sei qual delas é a mais ou menos politicamente correta) é a que sofre menos preconceito. Os grandes massacrados são os negros e os sul-asiáticos (tailandeses, vietnamitas, filipinos, e por aí vai). São vistos como menos honestos e menos confiáveis, e não há desejo de estabelecer nenhum tipo de vínculo com eles.

O Professor Bang se preocupa com o futuro do país, em um momento em que grandes transformações são necessárias para a inserção efetiva da Coréia do Sul no mundo globalizado. Ele diz que

(…) quando comparado a estudantes estrangeiros, os coreanos diretamente mostram atitudes e pensamentos preconceituosos. Para preparar para uma era de multiculturalismo e globalização, essas atitudes e pensamentos devem ser transformados pelo sistema de educação e por contatos frequentes com pessoas destes países. 

O Korea Beat ainda propõe que o estudo deveria ser estendido a duas gerações anteriores a dos estudantes, para determinar o grau de evolução – se algum – das atitudes preconceituosas. Acho justo, e curioso. Afinal de contas, a “plataforma” do preconceito coreano se baseia na homogeneidade racial e na pureza do sangue. Mas o realmente interessante é que os coreanos mantém uma relação de inferioridade em relação à raça branca, e uma relação de superioridade em relação aos negros e sul-asiáticos. Talvez pela aparência ou pelo modelo de sociedade. Isso requer mais neurônios e pesquisa… 

A xenofobia é algo que sempre foi muito presente para nós nestes quase três anos de Coréia. Tive algumas experiências pessoais, que foram chocantes e ao mesmo tempo fascinantes. Duas delas ocorreram no ambiente de trabalho, o qual considero o mais hostil de todos por aqui.

O primeiro episódio foi durante uma grande reunião de toda a área em que eu trabalhava. Uma mega vídeo-conferência englobando todos os países da Ásia e Oceania. Algo como umas 700 pessoas conectadas, ouvindo o nosso Vice-Presidente falando sobre os resultados da empresa naquele trimestre, dividindo sucessos e falhas, premiando os destaques do período. Depois de todo o blá-blá-blá, chegou o momento das perguntas e respostas. Nosso Vice-Presidente estava conduzindo a conferência aqui da Coréia, e estávamos todos em um grande auditório. Eis que ele recebe a primeira pergunta vinda de um coreano, o qual era somente o porta-voz de um grupo que não se identificou:

Quando é que os estrangeiros vão embora daqui?

Eu quase caí da cadeira. Virei para o lado para perguntar se eu tinha perdido alguma coisa, dormido no meio da pergunta, sei lá. Todos os outros estavam também abestalhados, sem acreditar no que tinham ouvido. Nosso Vice-Presidente se saiu muito bem na resposta (que não posso reproduzir, porque o contexto expõe detalhes confidenciais da empresa) e deixaram os coreanos com cara de tacho. Mas foi nesse momento em que meu mundo caiu. Um baita esforço para me adequar à cultura local, respeitando e entendendo as esquisitices, e de repente tudo veio à tona: não importava o quanto de energia era dispendido. Não éramos bem-vindos, e ponto final. A partir daquele momento, relaxei e procurei não esquentar muito a cachola. Nunca deixei de respeitar a cultura local, mas deixei de abafar a minha cultura, os meus costumes, e minha forma de vida. Depois de tanto ouvir “você tem que entender a cultura coreana” em momentos de conflito, eu passei a usar “você tem que entender a cultura brasileira”. E isso vai mais ou menos de encontro com a precupação do Professor Bang.

O segundo episódio ocorreu durante um almoço. Bate-papo aqui e acolá, e o assunto virou para o tópico “falar coreano”. Conosco estava a Ellie, uma coreana muito cabeça que trabalhava conosco de tradutora e intérprete. Eu e a Kristin perguntamos: Ellie, que raios acontece que, quando falamos coreano, ninguém entende? Ela riu. E a gente continuou explicando que por mais perfeito que seja a nossa pronúncia e nossa colocação gramatical, o coreano vai olhar prá gente e dizer que não entendeu. Repetimos, e nada. Lá pela terceira vez, o coreano fala: AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH! Você quer dizer “isso isso isso isso”? E repete EXATAMENTE  o que dissemos. Eu expliquei prá ela que se algum estrangeiro no Brasil me aborda perguntando onde ele pode comprar BANA, eu vou entender. BANA não existe, mas eu sei que ele quer dizer BANANA. E que na Coréia isso não acontecia nunca. Mesmo com a pronúncia perfeita.

Aí ela disse: Bem, a verdade é que os coreanos não admitem que um estrangeiro fale a sua língua perfeitamente. A atitude de dizer que não entende é para desencorajar. A língua coreana é um dos tesouros da Coréia, e um estrangeiro falando tira a pureza do conceito.

Não esperávamos a resposta, mas ficamos muito gratas com a franqueza da Ellie. Ela sempre foi a nossa fonte de informação fidedigna lá no escritório…

Há outros casos de preconceito que aprendemos pelos blogs locais, revistas e papos com pessoas. As Casas da Luz Vermelha aqui em Seul não aceitam clientes que não sejam coreanos, porque os estrangeiros são considerados sujos e os responsáveis por espalhar doenças venéreas e AIDS. Mas os coreanos vão para os paraísos sexuais no Sul da Ásia, transam sem camisinha, e voltam para os meretrícios locais. Resultado: as DSTs e a AIDS estão se alastrando em progressão geométrica. Outro fato interessante é que os homens coreanos abominam os estrangeiros porque segundo eles “os estrangeiros só estão na Coréia para roubar nossas mulheres”. E por aí vai.

Longe de mim querer fazer qualquer tipo de comparação com o Brasil. Não é o intuito aqui. Eu até prefiro que a coisa seja descarada, mesmo, porque desta forma não existe dúvidas do terreno que a gente pisa. No Brasil, Terra da Diversidade, falar de preconceito é um dos maiores tabus da sociedade. Brinca-se de avestruz, todo mundo enterra a cabeça, e assim caminha a sociedade…

A preocupação do Professor Bang ainda precisa ecoar aqui na Península. Em um país de 80 milhões de habitantes, onde 1 milhão são estrangeiros, é necessário uma mudança drástica e rápida na sociedade. É isso e a expansão das fronteiras coreanas nesse mundo globalizado, ou passar arame farpado e criar um planetinha separado por aqui.

Honestamente, esse último é o que parece casar com o pensamento da coletividade… Mas… tem a Coréia alguma opção?

Foco desviado temporariamente

Fazendo uma rápida retrospectiva dos últimos posts por aqui, preciso pedir desculpas aos amigos que sempre acompanham o Iacobus. A kibagem está forte… Mas o motivo é nobre. Nessas últimas semanas de gestação, minha energia está quase que por completo voltada para o que virá nos próximos dias.

38 semanas e meia, uma nenê já encaixada querendo sair, a expectativa de quando isso vai acontecer… Tudo isso só me faz pensar nisso e escrever minhas experiências  no meu diário da gravidez, o Gonadotrofina no Paralelo 38. Para quem ainda não o conhece, ou faz tempo que o visitou, é só clicar aqui!

Novamente, desejo a todos um Feliz 2009! E, em breve, notícias fresquinhas sobre a mais nova componente da família aqui na Coréia!

Que venha 2009…

… e traga tudo o que a gente precisa prá ser feliz!

newyear

– Droga. Nada mudou…

Mas sempre lembrando: a mudança é a gente que faz!